3 de outubro de 2008

Drugstore Bukowski Recomenda [Música]: "Carissa's Wierd"

Profusão de sentimentos. Vocais leves, sussurrando em seu ouvido. Guitarras acompanhando uma melodia suave, triste, indo em direção à mais doce melancolia. Seu pensamento vagando ao som de um violino que toca leve e que vai crescendo na medida que o som torna-se complexo. Sua alma já está entregue, viajando doida pelos meandros de cada detalhe da melodia que parece te completar. Seus pensamentos estão entre o extâse e a súbita caída dos acordes. Tudo tão perfeito, tudo tão sincronizado. Aquela doce melodia que você quis ouvir naquele momento mágico com a sua garota, eles já fizeram. Escolha qualquer música aleatóriamente, e ela será o seu tema de namoro.

Estou falando de uma banda que me impressionou desde o princípio, e até agora não consigo ouvir outra coisa. O som é bem melancólico, e eu nem estou triste, mas é tão bom ouvir suas melodias tão bem construídas que é dificil dar um juízo. Carissa's Wierd, banda de Seattle, capital do rock do anos 90, e que não para de surpreender por sua cena local.

Eu nunca pensei que houvesse uma cena de bandas que fizessem um som mais elaborado, mais triste, muito além do que o grunge ou o pós-punk produzisse após os anos 90. E agora me deparo com uma banda muito sensível e sincronizada, com um tipo de som que ninguém mais faz.
Sensibilidade, pureza, passando para um arranjo complexo, cheio de violinos e guitarras cadenciadas. Esse é o som do Carissa's Wierd. Sem mais comentários. Somente o som.

Video: 


Descarga: 

10 de setembro de 2008

O que realmente somos?

Até que ponto somos responsáveis pelos nossos atos? Em que medida somos capazes de ter consciência e senso crítico sobre nossos atos e comportamentos? Foram estas questões que ficaram martelando em minha mente ao assistir o filme "Um Crime Americano (An American Crime, EUA, 2007)".

A partir de uma história que de início poderia ser de qualquer família pobre americana nos anos 60, se desenrola um passeio pelo assustador e ao mesmo sutil mundo familiar visto no limite entre o que poderia ser a "normalidade" e a patologia em sua essência bruta. É melhor começar pela história do filme.

Trata-se da história real da família de Gertrude Baniszewski (Catherine Keener), uma passadeira pobre que faz de tudo (e mais um pouco) para sustentar seus sete filhos. Gertrude se oferece para cuidar de duas meninas cujos pais vivem em feiras pelo país e que precisavam deixá-las com alguém. Por 20 doláres por semana, Sylvia (Elen Page) e Jennie são deixadas com Gertrude (que queria somente ampliar o orçamento familiar). O que se desenrola a partir dai é a construção de um complexo jogo de poder que relaciona os personagens e que chega as raias da perversão e da loucura. Como uma família, como qualquer outra da época, estabelece uma relação de escravidão e tortura como aquela?

Sylvia aos poucos vai sendo maltratada e castigada por intrigas entre as filhas e mais tarde por simplesmente existir. Gertrude parece ter escolhido o "bode expiatório", a depositária de toda a sua maldita e porca existência. Até aí é possível acompanhar um personagem cujo perfil psicológico é doentio e perverso. O que começa a chocar é a conveniência, a aceitação passiva e em até certo ponto, a colaboração de todos na desgraça de Sylvia. Sejam as filhas que assistem a tudo terrorizadas, seja a irmã mais nova que mais apavorada ainda fica imóvel frente a tudo, seja os vizinhos que escutam a todas as formas de torturas e gritos sem querer "se meter com isso".

Em algum momento me lembrei de uma peça de teatro magnífica que assisti do Grupo Espanca! de Belo Horizonte. Chamava-se "Amores Surdos" e trazia uma visão ultra-cotidiana de uma família. Através de uma metáfora genial, a peça trazia uma cena em que a família descobria que o filho mais novo "criava" um rinoceronte sem ninguém perceber. Até que um dia a sujeira era tanta que começou a transbordar e todos se deram conta do que se passava. "Toda família esconde um rinoceronte" - dizia a mãe da família. Eu fiquei pensando muito nisto. Em todas as esquizetices e coisas estranhas que toda família tem o esforço em manter escondidas. Geralmente são pequenas coisas, uma briga que acabou mal, um monte de lixo na lavanderia, um cachorro sarnento que ninguém vê, um pai alcóolatra que ninguém aceita ser; coisas desse tipo. Como na peça, o rinoceronte era pequenininho e bonito, mas teria que ir embora. O garoto não quis e o guardou. Ele cresceu, cresceu, até que toda a sujeira transbordou.

Quantas coisas acontecem nos porões de tantas famílias que são negadas, abnegadas, recusadas a serem expostas. As vezes são pequenas caquinhas. Algumas outras podem ser verdadeiras barbáries. Crianças que caem de janelas de prédios. Crianças que são mantidas em porões pelos próprios pais. Será por que é tão dificil pensar que um pai é capaz de torturar a própria filha, ou de abusar dela, que não conseguimos acreditar que isso aconteça? Estas pessoas precisam estar totalmente foras de si para cometer os atos que cometem? É isso que me intriga. Não me importo com um certo homem se dizer a reencarnação de Cristo, mas sim com os que acreditam fielmente e o seguem. Assim como aquelas crianças de "Um Crime Americano". Gertrude e toda sua desgraça não me surpreende. O que choca é ver que o limite entre a inocência e a perversão é muito tênue. Sim, eles já foram aquele "bolinho de carne perverso polimorfo" - como descreveu Freud, mas não a perversão em si que encomoda. É como ela se estrutura. Sozinha ela é um crime, uma patologia aos olhos da sociedade neurótica que a teme e a deseja ao mesmo tempo. Estruturada socialmente, ela torna-se a bárbarie.

Meu raciocínio levou a uma questão próxima. Ao senso crítico que o homem tem de seus atos. Ou melhor, o quanto ele pode ter noção do que significam seus atos e a consequência destes para si e para os outros. Penso não somente neste caso extremo do filme. Mas em diversas situações. Pais que têm filhos somente por obrigação, seja interna ou por pressões diversas externas. Filhos rejeitados sem saber ao menos o por quê. Atos inconsequentes passados em branco por aqueles que fazem. Todos erram, todos cometem atos impensados. Mas não ter o mínimo de reconhecimento sobre o que se fez ou não se responsabilizar, ou pior, ver tudo acontecer e nada fazer? Até que pontos assumimos nosso papel real em nossas vidas e no mundo onde vivemos? As vezes somente os extremos e a "sujeira transbordando" que nos fazem tomar consciência do que realmente somos.

Trilha Sonora: The Cure "The Cure" (2004); Devastations "Coal" (2006).

7 de agosto de 2008

Drugstore Bukowsky Recomenda [Cinema]: "O Escafandro e a Borboleta" (2007)

Como seria viver totalmente enclausurado dentro de si, tendo como único contato com o mundo exterior somente um dos olhos?

Esta é a singular história que é belíssimamente contada neste filme baseado no livro de memórias (de mesmo título) do francês Jean-Dominique Bauby.

Sempre imaginamos que temos toda uma vida pela frente, que existem inúmeras oportunidades de escolhas e caminhos possíveis. E sempre tendemos a aproveitar um mínimo possível. Pode parecer clichê. E realmente é, pois há muitos filmes que exploram este fato da vida humana: a de que exploramos muito pouco nossa capacidade de viver de diferentes formas e que acabamos por nos conformar com a vida assim como se apresenta da maneira mais fácil a nós. Seja através de livros de auto-ajuda ou do recente sucesso da internet da "Aula Magna" do professor que irá morrer de câncer, este é um tema batido mas que parece aquele tipo de assunto que precisa ser constantemente relembrado para as pessoas pensarem novamente: "como eu não vivo a minha vida plenamente!".

Agora que denunciei o clichê, vamos ao que interessa. Este filme (sobre o livro não posso falar nada) consegue contornar muito bem o clichê e trazer uma visão diferente do assunto. Isso se dá através de uma fotografia e edição perfeitas e uma linguagem poética que fascina desde o início. Os franceses sabem como ninguém lidar com uma história dessa sem cair no pedantismo ou na glorificação da desgraça alheia e exploração sentimental (que o cinema americano tanto abusa). Aliás quase tudo que envolve uma história triste vira manipulação de emoções no cinema atual. Já aqui isto é evitado através do que citei: da forma como a narrativa é conduzida pelo protagonista, de uma maneira extremamente realista, o que parece passar o ponto de vista de quem realmente passou por aquilo, e pelas qualidades técnicas do filme (fotografia lindissima; a trilha sonora complementa muito bem as imagens sem tentar "induzir" emoções; atuações magníficas dos atores).

O filme já começa com um "mergulho" na alma do protagonista e digo que esta experiência chega a ser sufocante. Isto se dá através da utilização da visão do protagonista através das câmeras, demonstrando ao espectador como seria enxergar o mundo como ele. Isto é genial. Não é nada fácil se passar pelo outro e tentar viver sua experiência subjetiva como se fosse a tua realidade. Só por este feito o filme vale a pena, isso para quem está disposto a fugir da tendência atual a se evitar todo e qualquer sofrimento. Este filme é só para aqueles que toparem a encomôda viagem ao mundo estagnante do personagem.

Altamente reflexivo e poético, a história nos conduz a um dilema que dificilmente conseguiriámos imaginar e uma posição igualmente complicada de se colocar: como é viver sem movimento algum? Como seria depender totalmente de outras pessoas para fazer as tarefas mais básicas? E pior, ver a vida (dos outros, diga-se de passagem) passar como um filme infinito, visto com o mínimo de ângulo possível? Utilizando-se de uma metáfora pobre, seria como se olhassemos pela fechadura de uma porta a vida acontecer. Só que isso seria assim até o fim.



Ficha Técnica


Título: "O Escafandro e a Borboleta"(Le Scaphandre et le Papillon, França/EUA, 2007).
Gênero: Drama Duração: 112 minutos
Direção: Julian Schnabel
Roteiro: Ronald Harwood, baseado em livro de Jean-Dominique Bauby
Produção: Kathleen Kennedy e Jon Kilik
Elenco: Mathieu Amalric (Jean-Dominique Bauby), Emmanuelle Seigner (Céline Desmoulins), Marie-Josée Croze (Henriette Durand), Anne Consigny (Claude), Patrick Chesnais (Dr. Lepage), Niels Arestrup (Roussin), Olatz Lopez Garmendia (Marie Lopez), Jean-Pierre Cassel (Lucien / Vendeur Lourdes), Marina Hands (Joséphine), Max von Sydow(Papinou), Isaach De Bankolé (Laurent), Emma de Caunes (Imperatriz Eugénie), Jean-Philippe Écoffrey (Dr. Mercier), Nicolas Le Riche (Nijinski), Lenny Kravitz (Lenny Kravitz), Michael Wincott (Michael Wincott). Para quem gosta de: filmes introspectivos, dramas pessoais. Pontos Altos: fotografia; roteiro; narrativa em primeira pessoa; atuações dos atores. Pontos Baixos: não encontrei algum. Avaliação: 9,0


Trailer:


25 de junho de 2008

How to Disappear Completely

Mesmo depois de dez anos de "fã" do Radiohead, o quinteto de Oxford continua me surpreendendo. E me inspirando. Não trata-se do "In Rainbows", último disco dos caras que não deixou de me fascinar (principalmente o disco II, da caixinha que já é a minha relíquia).

Hoje eu já estava indo dormir e resolvi dar uma última "fuçada" no Orkut. E na comunidade "Radiohead Brasil" encontrei a dica de um texto de "O Globo" em que um jornalista, num tom extremamente emocionado relata um show que assistiu do Radiohead em Paris. O tom exagerado só vale para não-fãs, por que quem conhece a acompanha a banda, como é o meu caso, entende muito bem a profusão de sentimentos que Thom Yorke e Cia. consegue provocar.

No fim da reportagem encontro um video do Youtube com uma versão ao vivo de "How to Disappear Completely", e novamente esta música consegue me tocar, e de uma forma diferente. trata-se da melhor versão ao vivo que já ouvi da música (uma apresentação ao vivo da banda gravada em Paris pelo Canal+).


Já ouvi muito essa música, ela fez parte de muitos momentos de minha vida. Repleta de angústia, de um sentimento de perdição, de entrega ao obscuro, de uma ida ao inferno. Parece que a voz de Thom Yorke vagueia pelos meandros mais perdidos de sua alma procurando refúgio, um lugar seguro. E só encontra a ausência. Encontra o nada. "Eu não estou aqui, isto não está acontecendo". É um pesadelo, um encontro inevitável com o Real.


Uma vez li em algum site que a música teria sido composta após um pesadelo que Thom teve e, ao acordar sobressaltado, resolveu escrever. É o que parece mesmo, uma viagem ao inconsciente, desalodora e infinita.


O começo com um violão quase repetitivo, calmo e cadente, e logo um teclado que inicia baixo e sinistro, que vai crescendo conforme a melodia se desenvolve. De repente surge um arranjo (acho que e guitarra) que se repete em um espaço de tempo determinado que confere um clima assustador - e que faz com que o ouvinte espere que se repita novamente. Tudo muito estranho, inquietante e avassalador. Quem não é acostumado com o estilo do Radiohead facilmente rotula como uma canção "depressiva", angustiante. E é, mas muito mais do que isso. É inominável os sentimentos que são trazidos à tona por esta música.


É um caminho rumo ao inferno, mas é um caminho necessário. É o mergulho rumo ao interior de si, algo que poucos se arriscam nos dias atuais. Em uma época em que tudo o que represente dor e profundidade são afastados viemente, evitados e abnegados para uma falsa felicidade buscada a qualquer momento e qualquer custo, uma viagem tão contudente é simplesmente taxada de "deprimente".


"How to Disappear Completely" leva a um contato muito íntimo com aquilo que talvez mais te encomode: aos seus sentimentos mais pertubadores e intrincados, ao encontro com a parte de si que se postulou evitá-la, e que nunca deixará de emergir, só que de outras formas mais distorcidas.


Video:


12 de junho de 2008

Drugstore Bukowski Recomenda [Cinema]: "Runnig with Scissors" (2006)

"Se alguma vez você pensou por que nasceu em uma família como a sua, o melhor é relaxar e agradecer que Burroughs não seja seu sobrenome".

Assim é a chamada para o filme que está na programação da HBO neste mês e que eu assisti esses dias. Trata-se de uma história real do jovem Augusten Burroughs, contada em um livro auto-biográfico com o mesmo título do filme.

A história se passa nos anos 70, Augusten (interpretado pelo novato Joseph Cross, que fez algumas aparições em "Smallville" e "Third Watch") é um adolescente homossexual cujo pai é um professor alcóolatra (Alec Baldwin, em uma interpretação consistente) e a mãe uma escritora frustrada que caminha para a loucura (interpretada magisltralmente pela ótima Anette Bening, de "Beleza Americana"). Após se separarem, sua mãe o entrega ao seu psiquiatra, Dr. Finch, um pirado que ao invés de curá-la, parece ter induzido-a ao surto.

Augusten é obrigado então a viver com a excêntrica família do Dr. Finch, pois sua mãe está cada vez mais distante do mundo, e não o quer por perto, assim como seu pai esquece totalmente dele. A família Finch é uma história a parte. Augusten logo se identifica com Natalie, a filha rebelde interpretada pela maravilhosa Evan Rachel Wood (de "Aos Treze"). Moram ainda na casa a catatônica esposa Agnes e a beata Hope (na insonsa interpretação de Gwyneth Paltrow - aquela mesma que "roubou" o Oscar de Fernanda Montegro). Completam o time o esquisitão esquizofrênico Neil Bookman, interpretado muito bem por Joseph Fiennes.

Trata-se de um dramalhão com pitadas de humor negro, razão talvez pelo fracasso nas bilheterias americanas (fato que impediu o lançamento no Brasil no cinema, indo direto para Dvd). Eu não sabia nada do filme, e portanto assisti da melhor forma possível, sem pré-conceitos, e me surpreendi ao ver as críticas negativas em sites de cinema. Embora todas de fãs de cinema e não de críticos realmente - não que eu vá muito com a lata desses críticos. A questão é que é um filme bom, cujo enredo se sustenta no bizarro e no surreal, o que talvez dificultou a apreciação por alguns.

A direção é do estreante Ryan Murphy, que dirigiu alguns capítulos de Nip/Tuck. Quem já assistiu a série pode ter uma idéia de como o diretor lida com a realidade, marcada pelo exagero. Este excesso do filme é justamente o que leva à reflexões, pelo menos para mim. Quem é fã de Tarantino e Almodovar (como eu), dentre outros, diretores que pintam seus filmes com cores fortes, sabe do que estou falando.

Neste filme é a família que surge como tema central. Que influências pode ter a criação e a nossa convivência com nossos pais? Até onde nossas trajetórias não são guiadas pela bagagem que adquirimos no decorrer da infância? São essas questões que aparecem no filme de forma brilhante, através do surreal das relações dos personagens, principalmente entre Augusten e Natalie, os personagens que não se conformam com o meio que vivem (juntamente com o doidão Neil).

Podem parecer bizarras mesmo algumas cenas do filme (como a que Dr. Finch acorda a família para verem seu "cocô", que segundo ele era uma mensagem divina), porém se olhar pelo viés da psicose, muitas cenas tornam-se verossímeis. Quem já teve contato com um psicótico tem noção da tragédia que é a vida dessas pessoas condenadas a não participarem do mesmo mundo simbólico da maioria. Neste contexto, muitas cenas que a primeira vista é para serem engraçadas, são muito tristes. As cenas de humor servem no filme para dar uma "quebrada" no gelo, pois a vida de Augusten não é nada fácil.

Augusten e Natalie parecem questionar: quem poderemos ser vivendo no meio desta loucura toda? Natalie queria fazer faculdade, mas seu pai gastou o dinheiro para pagar dívidas. Sua mãe vive para servir as loucuras do Dr. Finch. Hope também convive com o status quo psicótico, abrindo mão de sua vida e sendo mais uma sombra de Dr. Finch. Neil traz a tona o paradoxo do Pai para a psicose: o ama, assim como quer matá-lo (fato que Dr. Finch parece ter aprendido muito bem com a psicanálise escrota que ele pratica, ao afastar Neil de sua casa, temendo por sua vida).

Neste desfiladeiro de personages vivendo no limite entre a razão e a loucura que o filme se constrói, trazendo a tona os segredos e esconderijos morais que uma família pode guardar. Quem sou eu além do que minha família permitiu que eu fosse? A questão do abandono, tão presente no Brasil, surge ai como um paradigma: Augusten e Natalie buscam a todo custo serem alguém diferente de suas famílias, e isto é possível?
















Ficha Técnica

Título: "Correndo com Tesouras" ("Running with Scissors", Eua, 2006)
Gênero: Drama
Duração: 116 min.
Direção: Ryan Murphy
Elenco: Annette Bening (Deirdre Burroughs),Brian Cox (Dr. Finch), Joseph Fiennes (Neil Bookman),Evan Rachel Wood (Natalie Finch), Alec Baldwin (Norman Burroughs), Joseph Cross (Augusten Burroughs), Jill Clayburgh (Agnes Finch), Gwyneth Paltrow (Hope Finch).
Roteiro: Ryan Murphy, baseado em livro de Augusten Burroughs
Produção: Dede Gardner, Brad Grey, Matt Kennedy, Ryan Murphy e Brad Pitt
Para quem gostou de: "Os Excêntricos Tenenbaums", "Peixe Grande e suas Histórias Maravilhosas".
Destaques: Anette Bening, Evan Rachel Wood, Brian Cox e Alec Baldwin
Pontos Altos: trilha sonora, atuação dos atores, roteiro, bizarrices, carga emocional.
Pontos Baixos: Gwyneth Paltrow, uma atriz sempre sem sal; a fotografia poderia ser melhor trabalhada.
Avaliação: 8,5

Trailer



Divulgação: Pedro, Porcos e Putas

Companhia Subjétil apresenta:

PEDRO, PORCO E PUTAS

Roteiro e Direção: Darlei Fernandes
Com Vida Santos, Patricia Cipriano, Lucas Buchile, Juliana Souza, Vanessa Benke e Rafael di Lara
Local: Teatro Novelas Curitibanas, Rua Presidente Carlos Cavalcantti, 1222 Fone: +55 41 3321-3358.
Única Apresentação dia 05 de Julho às 21H - ENTRADA FRANCA
“A tragédia no palco não me basta mais, vou transportá-la para a minha vida” (Artaud). Vamos, assim, em busca do Teatro Subjétil, onde o corpo não é corpo, o objeto não é objeto, mas corpo e objeto são corpo e objeto. Onde a visibilidade cênica, o elemento da representação, o sujeito e o objeto são, em suma, subjétil...(dARLEI fERNANDES)
Madonna, o hip hop e a heterossexualidade são contrarevolucionários...Porco, puta!

11 de junho de 2008

Drugstore Bukowski Recomenda [Música]: Silversun Pickups

Deparei-me com esta banda em 2007, fuçando o site do Indienation .

O primeiro disco deles, "Carnavas" (2006), foi eleito pelo site como melhor do ano. Não que sites especializados como o indienation sejam referência obrigatória para bandas que realmente interessam, pois num mundo cada vez mais homogeneizado como o atual, tende-se a criar a nova sensação do rock a cada dia.

Mas para a minha surpresa acabei curtindo de cara o som da banda. Pra começar me chamou atenção as influências mais óbvias da banda: Sonic Youth e Smashing Pumpkins, duas das bandas mais criativas dos anos 90, e também duas das minhas prediletas. E não é que o som deles parece justamente a junção destas duas bandas? Se acrescentar um vocal meio andrógino, como do Placebo por exemplo, tem-se o som deles.

Tirando a mistureba que descrevi, vale a pena conferir o som. Guitarras distorcidas na medida, bateria alucinada e a sobreposição dos vocais completando. Além de uma linha de baixo ótima. Além do "Carnavas" de 2006, há o Ep "Pikul" de 2005, muito bom também, porém é no álbum que todas suas facetas são demonstradas.


Silversun Pickups - "Pikul" (2005)
Local: Eua
Pra quem curte: Smashing Pumpkins, Sonic Youth, guitarras distorcidas com melodia.
Destaques: Kissing Families, The Fuzz, All the Go Inbetweens, Sci-fi Lullaby.
Nota: 9,0.


Silversun Pickups - "Carnavas" (2006)
Destaques: Todas. As preferidas: Common Reactor, Melatonin, Lazy Eye.
Nota: 10,0 (clássico)





Video: Lazy Eye, do álbum "Carnavas" (2006)


21 de maio de 2008

Listas

Postei ao lado uma lista com meus discos preferidos. Complicado fazer listas, pois não é possível abarcar tudo o que você entende como essencial, e muita coisa fica de fora ou comete-se injustiças. A intenção é de apontar alguns álbuns que marcaram minha vida de alguma forma. Não os considero os melhores de todos os tempos, ou de suas épocas, mas apenas aqueles que eu ouvi muito, viciei, ou que de alguma forma foram importantes para mim.

Eu adoro listas, pois é muito dificil definir o que é prioridade e o que não é. Além de que música tem todo aquele lançe de momento, de trilhas sonoras atuais - como chamo, e isso está em constante mudança. As vezes em um dia apenas eu passo por vários discos preferidos do dia. Estes da lista ao lado já foram muitas vezes "o disco do dia", sendo que alguns "disco do mês", ou mesmo discos que marcaram uma época inteira, como o "Ok Computer" do Radiohead ou o "Master of Puppets" do Metallica. Sons que me acompanharam por tempos e tempos, que depois de esquecidos, em algum dia voltam a tona, com toda carga de emoção que provocaram na época.
Momentos deliciosos, momentos nem tanto, o que interessa é que foram a trilha sonora predominante e que de alguma forma falam sobre eu e minha trajetória.
Ouvindo: "Horses" - Patti Smith; "Dear Catastrophe Waitress" - Belle & Sebastian.

16 de maio de 2008

Esperando o fim chegar - Parte I

Ontem estava eu em mais uma Sessão Etílica Psicanalítica, juntamente com Márcia e Alexandre, na sub-sede Gata Comeu. Entrou em pauta uma viagem dos dois de que naquele dia cairia um meteoro justamente em Curitiba. Eu ainda comentei que seria uma boa cidade para cair um meteroro, pois sua ausência não seria muito sentida.
Passamos então a imaginar como esperaríamos este momento: o derradeiro fim. Alexandre ainda comentou: "não se preocupe, você não iria sentir nada". Concordo. Fiquei então imaginando como eu esperaria pelo fim.
Passo então a imaginar como seriam as últimas horas. Eu reuniria todas as pessoas de quem mais gosto, que mais sinto prazer em estar com elas. Iríamos a Bucólica Barra do Saí, lugar que eu passei muitos momentos felizes, muitas viagens, muitos porres, muitas ressacas... enfim, o lugar em que eu gostaria de terminar meus dias.
Iria rolar o maior churras! Muitas carnes de diversos cortes, as minhas cervejas preferidas (Guiness, Eisenbahn Pale Ale, Brahma Exta, Xingu, etc.), vodkas e whiskys e claro, o Nobre Tubão, carinhosamente preparado por mim. Todos conversando e bebendo, e logicamente, ouvindo o melhor da bagaceira! As clássicas "Marvada Pinga", "Boate Azul", "Dama de Vermelho", "Som de Cristal", "Fio de Cabelo" e por ai vai. Alguns sambas de Bezerra da Silva, Zeca Pagodinho, Beth Carvalho; um bom e velhor rock'n roll com AC/DC, Metallica, Nirvana, Led Zeppelin, Black Sabbath, todas bandas que marcaram minha adolescência.
Nessas últimas horas só gostaria de ouvir músicas que me fazem bem, me deixam alegre, que lembrem momentos de descontração, de histórias engraçadas, de reuniões históricas. Acredito ter dedicado muito de minha vida à ouvir músicas densas e profundas. Nestes momentos eu gostaria apenas de contemplar a vida, de curtir seus últimos instantes se divertindo, com as músicas que marcaram minha vida e com as pessoas que compartilharam comigo.
Após o Banquete Hedonista, gostaria de levar todos a sacada, onde nos instalaríamos confortavelmente, com o céu como teto, e o mar como horizonte. Esperaríamos o último pôr-do-sol em uma tarde de outono na Barra. Muitas cervejas, conversas, lembranças agradáveis, experiências doidas, alegrias, algumas tristezas. Para essa última parte gostaria de fazer um playlist com canções que me fazem sentir de bem com a vida, que instigam a aproveitá-la, a extrair de toda a tristeza que há por ai, alguns minutos de paz e felicidade.
Começaria com a linda "Learning to Fly", do mais que fodástico Pink Floyd. Canção que já embalou várias viagens etílicas na saudosa Barra, e que metafóricamente nos faz querer voar. Seguindo pelo Floyd, "Us and Them", muitas vezes trilha sonora na Barra juntamente com todo o clássico The Dark Side of the Moon (aliás, talvez se desse tempo, esse deveria tocar inteiro!).
Não poderia faltar um Radiohead. Escolheria a que eu acho mais feliz deles: "High and Dry". Acho que passaria ainda pela deliciosa "The Bends" e terminaria a série Radiohead com a chapante nova do In Rainbows "House of Cards", que como um cara na comunidade do Radiohead definiu: "parece que você está ouvindo Jack Jonhson, só que cheirando benzina".
Seguindo na euforia, a próxima seria a ultra viajante do Doves "There Goes the Fear", música empolgante, cheia de nuances e refrões magnifícos. Para continuar a "onda", não poderia faltar o ótimo Modest Mouse. Não tem como não se empolgar com "Float On", para mim, a música mais feliz que já ouvi. Tocaria ainda a deliciosa "Third Planet", e a nostalgica "Gravity Rides Everything. Para fechar essa sequência mágica do M.M., a singela e bela "The World at Large".
Este tópico já está longo demais. Continuarei a apresentar a trilha sonora desse hipotético e fatídico dia em outro post.