14 de março de 2020

Eurotrip 2019: relatos de uma viagem - Quarta Parte: Londres II (or London is lovely so)

Surrey Water
[Aperte o play lá embaixo para ler ouvindo a trilha sonora: Don't Look Back in Anger - Oasis]

O terceiro dia de nossa estadia foi o mais especial para mim. Visitamos dois lugares que eu queria muito conhecer: Camden Town e o Freud Museum. Amanheceu um dia lindo em Londres (o que é raro mesmo no fim da Primavera!), caminhamos pela beira do canal que levava até a estação de metrô Canada Water. No caminho, enquanto contemplávamos o lindo lago, vimos cisnes brancos. E depois patos e outras aves nos acompanhavam. Ao chegarmos em Camden Town, Gabi dormiu. Decidimos tomar um café no Starbucks mais próximo.

Camden Town, para quem nunca ouviu falar, é a meca underground londrina. Ali nasceu o movimento punk, é onde até hoje existem vários estúdios de gravação (responsáveis por vários clássicos do Rock), galerias de arte alternativa, lojas alternativas, tudo o que você poder imaginar de cultura alternativa. Ou seja, eu estava em casa!

Era domingo, e portanto era o dia da feira de Camden (além dos mercados que abrem todos os dias) e estava lotada. Nessa feira é possível encontrar lembrancinhas, camisetas, moletons e outras coisas por até a metade do preço das lojas centrais de Londres! Ali compramos nossos moletons, fui em um loja de disco, passei pelo pub onde Amy Winehouse frequentava e se apresentava sempre (The Digwall Building).

Feira em Camden Town
 Almoçamos um delicioso hambúrguer francês servido por uma brasileira (uma carne desfiada cozida por 12 horas no vinho francês, coberto por uma generosa fatia de queijo raclette!) e se encostamos na cervejaria artesanal Camden Town Brewery. Sim amiguinhos, tomando uma bera artesanal inglesa de responsa no local mais underground do mundo! (será que eu tava feliz?!). 

The Dingwall Building - Pub onde Amy Winehouse se apresentava
Após passear pelo louco mercado de Camden, pegamos um ônibus rumo ao Freud Museum (que era relativamente perto). Descemos em um bairro nobre de Londres (se a periferia já era linda, imagina lá!). O que mudava na paisagem eram jardins impecáveis em frente às tradicionais faixadas de tijolos e Lamborguinis e Ferraris em frente (ao invés de populares como Mercedes Bens, por exemplo!).

Camden Market
Ao chegar em frente ao Freud Museum já fui invadido por um sentimento incrível! Ali naquela casa, num pacato bairro londrino, Freud viveu seus últimos anos de vida após ser trazido por Marie Bonaparte, escapando dos nazistas que haviam invadido Viena (dois irmãos de Freud não escaparam). Um lugar que era história viva. Tudo muito bem preservado: o consultório de Freud, suas antiguidades (ele era apaixonado por arqueologia e culturas antigas, que constantemente ele comparava com a sua busca incessante para o inconsciente), seu jardim onde ficava com seu cachorro, livros e revistas originais da época. Fantástico!
Freud Museum - Faixada
Hall de Entrada e Gabi homenageando
 Anna Freud

Eu estava embasbacado com tudo. E já no início fui surpreendido pelo momento mais simbólico de toda essa viagem: enquanto eu observava o hall de entrada, Gabi brincava livremente no chão, tão solta, natural e verdadeira. Foi uma homenagem espontânea à Anna Freud, fundadora da Psicanálise Infantil, que desenvolveu boa parte de sua teoria ali naquela residência! Impossível não se emocionar!


No último dia fomos fazer o tradicional passeio da London Eye. Sim, é o mais manjado dos passeios e mesmo assim imperdível! Londres, como sempre, nos surpreendeu com o clima. Do ensolarado dia anterior (que chegou a uns 25º C), para um dia chuvoso e frio (temperatura de uns 15º C!). Nossos moletons adquiridos na Feira de Camden nos salvaram (a maior parte de nossa roupa era de verão, pois em Roma e Lisboa chegamos a pegar 34º C!). Londres, mesmo chuvosa, é esplendorosa! Suas construções, o Tâmisa, a moderna arquitetura combinada com a tradicional, renderam ótimas fotografias.
O mítico divã freudiano!

Depois da London Eye, duas visitas imperdíveis para as crianças (e para os adultos também!): MM's World e Lego Store (uma em frente a outra, o que é uma enorme vantagem em Londres, onde tudo é distante). Nunca vi a Gabi tão eufórica! MM's para todos os lados, de todas as cores e formatos, tudo o que você pode imaginar com referencia às famosas pastilhas de chocolate (e caros também!). Já a Lego Store é um espetáculo: qualquer coisa em miniatura de lego havia lá: cenas memoráveis de filmes, como Star Wars, batalhas históricas, carros, fazendas, cidades, enfim, o mundo representado através de montagens de Lego!

Mesa de Anna Freud
A gravura original do "Homem dos Lobos"











À noite encontramos o Ge e a Flávia que retornaram de Birminghan e fomos fazer a despedida novamente no The Salt Quay Pub (o que eu já havia ido com a Hilda). Novamente boa comida, maravilhosas cervejas inglesas e bons drinks, junto da linda vista do Tâmisa à noite. No outro dia o deslocamento até a Bélgica, e o provavelmente o maior perrengue da viagem!

Numa relax no Jardim de Freud!
Tivemos que ir até o Aeroporto de Sutherland, que para nós, é óbvio, não sabíamos que ficava fora de Londres (aquela cidade é tão grande que tem apenas 6 aeroportos!, alguns ao redor, e não propriamente na cidade). Pegamos o metrô até uma estação. Lá fizemos o baldeamento para o trem, utilizando o cartão de transporte integrado. Porém tínhamos que ter comprado tickets para o trem, além de dar baixa no cartão do metrô. Chega o trem, as crianças entram tranquilas, colocam as malas em cima e relaxing, só curtindo a vista

Um carro comum em Maresfield Gardens!












Frio e chuva na London Eye!
Chegando perto da estação de Sutherland, Flavia me chama. Aparentemente dois policiais ao seu lado exigindo os tickets. Não sei porque diabos todos os funcionários ingleses usam um uniforme impecável, todos semelhantes ao da Policia! Eram na verdade dois funcionários da companhia de trem. Como não compramos os bilhetes e não encerramos o cartão de metrô, tínhamos que pagar uma multa de 20 libras por pessoa. Os dois tinham um sotaque muito carregado (que conversando com a Cris depois, chegamos a conclusão ser de País de Gales ou Escócia). Não compreendemos como faríamos para entrar no Aeroporto após pagar a taxa, e os dois percebendo nosso desespero, e também que éramos provavelmente pessoas honestas, se matavam de rir! E no fim nos acompanharam até a catraca de entrada do Aeroporto! (sim, os ingleses são sisudos, muito educados e não perdem a chance de tirar um sarro - o tal do humor britânico!).

E assim encerrou a nossa louca viagem por Londres. Nunca vi um lugar tão rico culturalmente, tão cosmopolita, moderno e conservador ao mesmo tempo. Eu queria ter feito tanta coisa por lá, mas é quase impossível em poucos dias, ainda mais com uma criança pequena. Aliás deve ser necessário toda uma vida para se conhecer Londres à fundo! E dali desembarcamos na aconchegante Antuérpia, na Bélgica. Uma experiência totalmente diferente que contarei no próximo post!




























Trilha Sonora: Don't Look Back in Anger - Oasis
(Não curto muito Oasis, mas é a cara de Londres!)